Alimenta Cidades, do governo federal, visa dar acesso à comidas saudáveis em vez de ultraprocessados. Créditos: Estevam Costa/PR.

*Fabiana Blaseck Sorrilha (Portal Porque)

Sorocaba se prepara para receber o diagnóstico traçado pelo Alimenta Cidades, estratégia do governo federal de segurança alimentar e nutricional que incentiva a população a conhecer seus direitos em exigir uma alimentação adequada e reduzir as injustiças alimentares, especialmente entre as pessoas que estão em classes sociais mais vulneráveis. Essa é a primeira etapa dos oito eixos previstos pela iniciativa.

O município foi um dos 60 escolhidos para implementar a estratégia e tem o BAS (Banco de Alimentos de Sorocaba) como responsável pela aplicabilidade do programa. “Sorocaba respondeu a vários questionários para balizar como o Alimenta Cidades será colocado em prática. Participamos, inclusive, de encontros em que foram discutidas a agricultura urbana e periurbana. Agora é aguardar o que o diagnóstico vai nos trazer e propor”, explicou Daniela Ribeiro, da seção de Segurança Alimentar da Prefeitura de Sorocaba.

Para Regina Cassiano, representante do BAS, o programa federal é uma iniciativa estratégica para enfrentar a fome e a insegurança alimentar, fortalecendo a conexão entre produtores locais e comunidades vulneráveis. “Ele amplia o acesso a alimentos de qualidade para quem mais precisa e apoia pequenos produtores, promovendo sustentabilidade e desenvolvimento local”, enaltece.

Ela acrescenta ainda que, como presidente do Consea (Conselho Municipal de Segurança Alimentar de Sorocaba), representando a sociedade civil pelo BAS, tem grandes expectativas. “Esperamos que o programa traga mais dignidade e segurança para nossa população, reduzindo desigualdades e melhorando a qualidade de vida”, complementa.

A partir do diagnóstico e definição de prioridades, um conjunto de ações será desenhado em uma rota de implementação para execução em 3 anos (2024-2026). Essas ações serão acompanhadas, monitoradas e avaliadas pelo Comitê Gestor da Estratégia.

Desertos alimentares nas periferias

Para apoiar as decisões estratégicas a serem divulgadas pelo Alimenta Cidades, o ReDus, iniciativa que reúne entidades do terceiro setor, fez um levantamento dos locais onde as pessoas das cidades escolhidas pelo governo federal têm menos acesso à alimentação saudável.

Para traçar o estudo, o ReDus qualifica como desertos alimentares as áreas geográficas onde a população tem acesso restrito a alimentos saudáveis e pântanos alimentares, áreas geográficas onde há uma abundância de opções alimentares pouco saudáveis.

Tais regiões costumam carecer de estabelecimentos comerciais como supermercados e hortifrútis, que fornecem produtos frescos, obrigando os residentes a recorrer a lojas que vendem, principalmente, alimentos ultraprocessados, o que leva a dietas menos saudáveis.

Em Sorocaba, os desertos alimentares estão, justamente, nas periferias, onde as pessoas precisam se deslocar mais de 15 minutos caminhando para comprar frutas, legumes e hortaliças, por exemplo. Desertos alimentares afetam, sobretudo, grupos vulneráveis que não dispõem de recursos para se deslocar até locais com melhor oferta de alimentos nutritivos.

O ReDus identifica ainda os pântanos alimentares, áreas geográficas onde há uma abundância de opções alimentares pouco saudáveis.

Em pântanos alimentares, os alimentos altamente calóricos, processados, ultrapocessados, e com baixo valor nutricional são amplamente disponíveis, incentivando dietas menos saudáveis e contribuindo para problemas de saúde como obesidade e doenças crônicas. Eles estão nas periferias da cidade e próximos também das favelas, onde os moradores se deslocam menos de quinze minutos para comprar alimentos pouco saudáveis.

Sobre o Alimenta Cidades

A ação tem como meta ampliar a produção, o acesso, a disponibilidade e o consumo de alimentos adequados e saudáveis, priorizados os territórios periféricos urbanos e as populações em situação de vulnerabilidade e risco social.

O ‘Alimenta Cidades’ dialoga com inúmeras outras iniciativas governamentais, especialmente a Política Nacional de Abastecimento Alimentar; o Programa Cozinha Solidária; o Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana; o Plano Clima – Adaptação e Mitigação e as ações de promoção da alimentação adequada e saudável no ambiente escolar.

O programa é promovido pela Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (SESAN/MDS), em colaboração com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Ministério das Cidades (MCID), no âmbito da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan).